sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Mais um de Florbela

Saudades... fico pensando como seria esse poema traduzido pro inglês... Não tem como!



Saudades


Florbela Espanca


Saudades! Sim... Talvez... e porque não?...
Se o nosso sonho foi tão alto e forte
Que bem pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!

Esquecer! Para quê?... Ah! como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como o pão!

Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar,
Mais doidamente me lembrar de ti!

E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais a saudade andasse presa a mim!
 
 
 

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Crítica política com boa música

Esse é Maurício Pessoa. Música de primeira, letra ácida (vem muito a calhar nesses tempos de campanha) e uma certa semelhança com Chico Buarque:


Obs: pra quem quiser ir direto à música é so rolar a barra direto pra 2 minutos e meio.



...essa estrofe é a campeã:

"Sai da prefeitura o prefeito com a mala
Com o dinheiro da obra da vala
Diz que abre o sigilo da conta do banco
Desliza o barranco na gente que rala

Rala a mandioca e nada na panela
Olha a mulher do prefeito olha ela
Maloca o dinheiro na bota de couro
Cadela de brinco e coleira de ouro
"

 
 
*
 
 

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Interpretações fantásticas

Um presente aos meus amigos. Drummond:
(especialmente para Marcinha)


Amar - por Paulo José



Necrológio dos desiludidos do amor - por Fernanda Torres




segunda-feira, 3 de setembro de 2012

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Monstros

Recebi esse vídeo do grande amigo Bruno... Repassando...




Obs: Pipoquinha tem 13 anos (Thiago do Espirito Santo, dispensa comentários)

sábado, 11 de agosto de 2012

Mais um grande se foi...

Desencarnou na última segunda-feira, dia 6, às 08:50h, nosso grande Celso Blues Boy...
Aos amigos amantes da boa música, um vídeo do Blues Boy tocando Cartola (sensacional).






"Por dentro eu sei
Que nunca senti
Nada além de amor
Em tudo o que vivi"
                                             Celso (Ricardo Furtado de Carvalho) Blues Boy






sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Fanatismo

Florbela...

Um pedacinho de um poema dela e um Soneto musicado por Fagner.



Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar








Fanatismo

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão de meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida…
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

“Tudo no mundo é frágil, tudo passa…”
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, vivo de rastros:
“Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!…”



........

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Catarse

Arte, como diria Fernando Pessoa, deve vir do sofrimento, de algo que não está completamente são (Livro do Desassossego).
Diz o autor, também, que é preciso estar "doente" para ver a beleza das coisas. Diz mais, que "pensar é estar doente dos olhos" (O Guardador de Rebanhos, por Alberto Caeiro).
Por isso apreciamos tão mais uma música, uma escultura, ou mesmo uma paisagem natural, quando estamos introspectivos. Introjetar-se é, também, um pouco, entristecer-se... É adoecer-se, distoar-se do externo... É tornar-se ilha (Oswaldo Montenegro, "ilha é tudo que na gente não morreu, cercado por tudo que já mataram").

Arte, dizia Rainer Maria Rilke em seu Cartas a um jovem poeta, só é arte quando vem de uma necessidade. O poeta, o músico, o pintor... quando fazem arte é porque precisam fazê-la como necessidade vital. Não tolerariam o mundo sem externar seus sofrimentos e belezas internos.

Essa divagação toda, aparentemente despropositada, veio após um momento de catarse provocado por uma música... Músicas, aliás, quando associada a uma letra, (musica + poesia) causam efeitos mais devastadores em mim.

Compartilho com vocês, Andar Conmigo, de Julieta Venegas:





Andar conmigo
Hay tanto que quiero contarte
Hay tanto que quiero saber de ti,
Ya podemos empezar poco a poco
Cuéntame que te trae por aquí.

No te asustes de decirme la verdad
Eso nunca puede estar así tan mal
Yo también tengo secretos para darte
Y que sepas que ya no me sirven mas.

Hay tantos caminos por andar...
Dime si tú quisieras andar conmigo oh, oh, oh...
Cuéntame si quisieras andar conmigo oh, oh, oh...

Estoy ansiosa por soltarlo todo
Desde el principio hasta llegar al día de hoy;
Una historia tengo aquí para entregarte,
Una historia todavía sin final

Podríamos decirnos cualquier cosa
Incluso darnos para siempre un siempre no,
Pero ahora frente a frente aquí sentados
Festejemos que la vida nos cruzo

Hay tantos caminos por andar...
Dime si tú quisieras andar conmigo oh, oh, oh...
Cuéntame si quisieras andar conmigo oh, oh, oh...
Si quisieras andar conmigo...

terça-feira, 17 de julho de 2012

Florbela Espanca

Acho que é a primeira vez que posto algo dela aqui...





O meu mundo não é como o dos outros,
quero demais,
exijo demais;
há em mim uma sede de infinito,
uma angústia constante
que eu nem mesma compreendo,
pois estou longe de ser uma pessoa;
sou antes uma exaltada,
com uma alma intensa,
violenta,
atormentada,
uma alma que não se sente bem onde está,
que tem saudade… sei lá de quê!


...

Hay cosas que te ayudan a vivir...

Si, hay cosas que ayudanos a vivir!
Son cosas sencillas como oir esta canción de Fito...

A mis amigos!











quarta-feira, 11 de julho de 2012

Fome...

..uma imagem que dói muito.





Enquanto ainda nos preocupamos com a gravidez da Angélica e as eliminações do Big Brother...
Enquanto nos atiramos aos socos contra os adversários no futebol;
Enquanto continuamos gastando energia com carnavais e músicas vis;
Enquanto sonhamos parados, e lamentamos (inocentes?) o sofrimento alheio...

1.000.000.000 (um bilhão) de pessoas acordam ser ter o que comer.



(mea culpa)
Enquanto a medicina valorizar mais o exame que a conversa;
Enquanto a medicina dar mais tempo à elaboração da receita que ao entendimento do outro;
Enquanto as faculdades continuam dando cada vez mais valor ao cientificismo cartesiano, purista;
Enquanto estruturas hospitalares foram mais importantes que estruturas humanas;
Enquanto a medicina continuar se rendendo a Pfizer´s, Siemens e Merck´s;
Enquanto a sociedade valorizar o profissonal do ar condicionado em detrimento ao médico que põe suas duas mãos na miséria...

continuaremos mandando nossos ricos ao Sírio Libanes. Aos pobres... a sorte!





***


segunda-feira, 18 de junho de 2012

Ao meu pai...

...ao meu grande pai, Quintana...





As Mãos do Meu Pai

As tuas mãos tem grossas veias como cordas azuis
sobre um fundo de manchas já cor de terra
— como são belas as tuas mãos —
pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram
na nobre cólera dos justos...

Porque há nas tuas mãos, meu velho pai,
essa beleza que se chama simplesmente vida.
E, ao entardecer, quando elas repousam
nos braços da tua cadeira predileta,
uma luz parece vir de dentro delas...

Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente,
vieste alimentando na terrível solidão do mundo,
como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los contra o vento?
Ah, Como os fizeste arder, fulgir,
com o milagre das tuas mãos.

E é, ainda, a vida
que transfigura das tuas mãos nodosas...
essa chama de vida — que transcende a própria vida...
e que os Anjos, um dia, chamarão de alma...




segunda-feira, 11 de junho de 2012

Lágrimas negras

Uma música linda de um certo Jorge Mautner (com Nelson Jacobina). Aqui também gravada por Otto e Julieta Venegas.

 





 

Lágrimas Negras

Na frente do cortejo
O meu beijo
Forte como água
Meu acaso

São poços de petróleo
A luz negra dos teus olhos
Lágrimas negras saem, caem, dói
Lágrimas negras saem, caem, dói

Por entre flores e estrelas
Voce usa uma delas
Como um brinco pendurado na orelha
Astronauta da saudade
Com a boca toda vermelha
Lágrimas negras saem, caem, dói

São como pedras de um moinho
Que moem, roem, dói

E voce baby
Vai, vem, vai
E voce baby
Vem, vai, vem

Belezas são coisas acesas por dentro
Tristezas são belezas apagadas pelo sofrimento


Lágrimas negras saem, caem, dói
Lágrimas negras saem, caem, dói

Belezas são coisas acesas por dentro.



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Aliás... Otto dia 24 na praça do Santa Tereza:

(programação do Festival que vai rolar)

Praça JK11h - Infantil - Flautistas da Proarte (RJ)
14h - Thiago Delegado (MG) convida Yamandu Costa (RS) e Hamilton de Holanda (RJ)
15h30 - Marcia Castro (BA)
17h - Vander Lee (MG)
18h30 - Roberta Sá (RJ)

Praça Duque de Caxias

11h - Infantil - Catibiribão (MG)
14h - Jazz Mineiro Orquestra (MG) convida Naná Vasconcelos (PE)
15h15 - Graveola e o Lixo Polifônico (MG)
16h45 - Otto (PE)
18h - Tom Zé (BA) convida Mallu Magalhães (SP)

Praça da Estação

14h30 - Nenêm (MG) convida Teresa Cristina (RJ)
16h - Flavio Renegado (MG) convida Emicida (SP)
18h - Seu Jorge (RJ) convida Criollo (SP)
20h - Gilberto Gil (BA) e convidados



.... <> .... <> ....

sábado, 9 de junho de 2012

Desassossego

Fernando Pessoa...


"Não o amor, mas os arredores é que vale a pena."



* * *



...continuação:

"A repressão do amor ilumina os fenômenos dele com muito mais clareza que a mesma experiência. Há virgindades de grande entendimento. Agir compensa mas confunde. Possuir é ser possuído, e portanto perder-se. Só a ideia atinge, sem se estragar, o conhecimento da realidade."



terça-feira, 22 de maio de 2012

ahh... Drummond

Me veio como uma flecha no peito... Um poema que dói demais... Dói muito.




Permanência

Agora me lembra um, antes me lembrava outro.
Dia virá em que nenhum será lembrado.

Então no mesmo esquecimento se fundirão.
Mais uma vez a carne unida, e as bodas
cumprindo-se em si mesmas, como ontem e sempre.

Pois eterno é o amor que une e separa, e eterno o fim
(já começara, antes de ser), e somos eternos,
frágeis, nebulosos, tartamudos, frustados: eternos.
E o esquecimento ainda é memória, e lagoas de sono
selam em seu negrume o que amamos e fomos um dia,
ou nunca fomos, e contudo arde em nós
à maneira da chama que dorme nos paus de lenha jogados no galpão.





...........

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Belchior

Tenho umas fixações por alguns caras que muita gente tem uma certa repulsa... Belchior é um deles.
Acho que minha fixação é relacionada à inquietude. Adoro pessoas inquietas... metamorfoses ambulantes, loucos...

Segue abaixo um trechinho de uma música desse cara que não pára...





Meu bem, talvez você possa compreender a minha solidão
O meu som, e a minha fúria e essa pressa de viver
E esse jeito de deixar sempre de lado a certeza
E arriscar tudo de novo com paixão
Andar caminho errado pela simples alegria de ser...

Meu bem, vem viver comigo, vem correr perigo , vem morrer comigo

Talvez eu morra jovem, alguma curva no caminho, algum punhal de amor traído, completara o meu destino.
Meu bem, vem viver comigo, vem correr perigo
Vem morrer comigo...



... e como diria o mesmo: "Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro".


quarta-feira, 2 de maio de 2012

Vídeo sensacional...

Como a mídia brasileira sufoca a liberdade de expressão.
Curta metragem a la "Ilha das Flores", sensacionalmente simples e didático.







.
.
.
...liberdade, essa palavra...




segunda-feira, 23 de abril de 2012

Hoje é dia de São Jorge!

Aos amigos devotos do Santo Guerreiro... Ogum! São Jorge!

...bate o atabaque,
bate o coração!
Na hora do combate
de São Jorge com o dragão...








Chagas abertas, Sagrado Coração todo amor e bondade, o sangue do meu Senhor Jesus Cristo, no corpo meu se derrame hoje e sempre.
Eu andarei vestido e armado, com as armas de São Jorge. Para que meus inimigos tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me exerguem e nem pensamentos eles possam ter para me fazerem mal.
Armas de fogo o meu corpo não o alcançarão, facas e lanças se quebrarão sem ao meu corpo chegar, cordas e correntes se arrebentarão sem o meu corpo amarrarem.
Jesus Cristo me proteja e me defenda com o poder de sua Santa e Divina Graça, a Virgem Maria de Nazaré, me cubra com o seu Sagrado e divino manto, me protegendo em todas minhas dores e aflições, e Deus com a sua Divina Misericórdia e grande poder, seja meu defensor, contra as maldades e perseguições dos meus inimigos, e o glorioso São Jorge, em nome de Deus,  em nome de Maria de Nazaré, e em nome da falange do Divino Espírito Santo, me estenda o seu escudo e as suas poderosas anulas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, do poder dos meus inimigos carnais e espirituais e de todas suas más influências, e que debaixo das patas de seu fiel ginete, meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós, sem se atreverem a ter um olhar sequer que me possa prejudicar.
Assim seja com o poder de Deus e de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo.


Amém.


Amém!






terça-feira, 17 de abril de 2012

16 anos de impunidade!

Amigos e amigas que lêem esse blog... peço a todos a gentileza de repassarem esta atualização a quem puderem. Nas repartições, nos hospitais, nas nossas casas, nas escolas, nas empresas... em todo lugar onde haja gente é preciso que chegue o que a Globo não deixa chegar: HÁ 16 ANOS UM MASSACRE ACONTECEU, E NINGUÉM PAGOU POR ISSO!

Hoje, dia 17 de abril, é o dia em que os movimentos sociais estão se agitando para chamar atenção a uma série de problemas e para lembrar a impunidade  do massacre de Eldorado do Carajás. Mesmo assim os jornais nem sequer tocaram no assunto da impunidade do massacre. Trataram as OCUPAÇÕES de hoje (em BH inclusive) como INVASÕES... Pra variar deram voz à polícia, aos donos de terras! Mais uma vez criminalizaram o movimento que busca, somente, JUSTIÇA para os INSUSTIÇADOS.

Camaradas! Não há nada mais triste que a sensação de impotência que as famílias dessas vítimas guardam consigo. A mão pesada do Estado esmagou vidas, sonhos...

É o modelo neo-liberal (já com novas denominações) que a tudo destrói, envenena rios, derruba florestas, acaba com ecossistemas. É o modelo que tudo aceita em nome do lucro! Este modelo demoníaco que estorque, expulsa, humilha, massacra. Que prende coitados e defende grandes bandidos.

Se você ainda é capaz de se indignar; se ainda corre sangue nessas veias, faça uma força para ajudarmos a divulgar que não dá mais pra lidar com esse mundo de cão!

repassem o vídeo, por favor...





PS1: "Se você é capaz de tremer de indignação cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros", Che.

PS2: hoje, enquanto muitos choravam de dor, de indignação, Salvatore Cacciola teve sua pena perdoada por uma juíza do Rio. (link: http://www.dci.com.br/justica-extingue-pena-do-exbanqueiro-salvatore-cacciola-id290400.html)







domingo, 8 de abril de 2012

Drummond (continuando)

Vênus adormecida (Giorgione)

Acalenta no sono
o púbis acordado.



Gioconda (Da Vinci)

O ardiloso sorriso,
alonga-se em silêncio
para contemporâneos e pósteros
ansiosos, em vão, por decifrá-lo.
Não há decifração. Há o sorriso.





 
...

 

...e um poeminha (trecho de VERBOS) pra não perder o costume:

"Esquecer, outro nome
do ofício de perder.
Uma inútil lanterna
jaz em cada caverna."






domingo, 1 de abril de 2012

Metalinguagens de Drummond

Tava relendo Farewell, o adeus de Drummond. É um livro sensacional e triste. Tanto pelo conteúdo poético quanto pela forma como foi, explicitamente, planejado - o gauche deixou, antes de morrer, o livro prontinho numa pasta de cartolina.

Deixo abaixo um poema lindo, triste... E começo, a partir de agora, a postar uns poemas feitos por Carlos a telas e esculturas que ele gostava. No livro está dentro de "Arte em exposição".



RESTOS

O amor, o pobre amor estava putrefato.
Bateu, bateu à velha porta, inutilmente.
Não pude agasalhá-lo : ofendia-me o olfato.
Muito embora o escutasse, eu de mim era ausente.

*  *  *


 


A CADEIRA (Van Gogh)

Ninguém está sentado
mas adivinha-se o homem angustiado.






O GRITO (Munch)

A natureza grita, apavorante.
Doem os ouvidos, dói o quadro.






PIETÀ (Michelangelo)

Dor é incomunicável.
O mármore comunica-se,
acusa-nos a todos.






.*.*.*.*.*.*.


segunda-feira, 26 de março de 2012

Denúncia a torturadores impunes...

Matéria do Brasil de Fato:


Movimento de jovens inicia ações contra torturadores da ditadura



O Levante Popular da Juventude realiza em várias capitais do país ações simultâneas de denúncia de diversos torturadores, que continuam impunes. Os manifestantes apoiam a Comissão da Verdade e exigem a apuração e a punição sobre os crimes cometidos pela ditadura militar.

O caráter das ações, conhecida como "escracho", baseia-se em ações similares as que acontecem na Argentina e no Chile, em que jovens fazem atos de denuncias e revelações dos torturadores que continuam soltos e sem julgamento sobre suas ações durante a Ditadura Militar. 

Levante Popular da Juventude

O Levante Popular da Juventude é um movimento social organizado por jovens que visa contribuir para a criação de um projeto popular para o Brasil, construído pelo povo e para o povo. Não é ligado a partidos políticos.

Com caráter nacional, tem atuação em todos os estados do país, no meio urbano e no campo. Se propõe a articular jovens, militantes de outros movimentos ou não, interessados em discutir as questões sociais e colaborar para a organização popular.

Tem como objetivo propiciar que a juventude tome consciência da sua história e da realidade à sua volta para transformá-la.

O Levante organiza a juventude para fazer denúncias à sociedade, por meio de ações de Agitação e Propaganda. Não há bandeiras previamente definidas. A luta política se dá pelas pautas escolhidas pelos próprios militantes, que realizam atividades de estudo e debates, sistematicamente, por todo o país.


Veja a matéria completa, fotos e nomes de torturadores no sítio do Brasil de Fato (link no canto superior da tela). Um deles pode estar ao seu lado...








quinta-feira, 22 de março de 2012

Ericson Pires

Não o conheci. Mas é como se fosse um íntimo. Morreu um cara que nunca parou desde que nasceu. Morreu um agoniado...

Segue minha homenagem a ele:



(sem título)

Estava bom. Era o Rio. Mas estava triste.
Havia Lapa, Urca, Braca... Mas não eram os mesmos...
Algo chorava nas ruas. No mar, algo chorava mais que o normal.
Havia bundas, biquínis, corpos, chopps, areia. Mas tinha algo que não sorria.

Tinha o Cristo, as árvores do Leblon, as sardinhas sem sal do BarUrca,
Mas havia algo além da melancolia comum do fim do dia... Havia choro na “cidade ocupada”.
Dos Arcos veio o motivo:
- O poeta “luarizou-se”.

E no domingo cedinho, lá estava Ericson na praia, bêbado e falante; inquieto; sorrindo; chorando; amando; pulando... Cantando!
Carlos, que lhe cedera uma beiradinha de banco, preguiçoso pensava:
- Nem morto o Ericson pára.






RIO - Nascido na Rua Gomes Freire, no coração da Lapa, em 1971, Ericson Siqueira Pires era um corpo em constante movimento pela cidade. Poeta, performer, ator, músico, produtor e agitador cultural, além de mestre e doutor em Literatura pela PUC-RJ, Ericson foi um dos fundadores do CEP 20.000, ao lado de Guilherme Zarvos e Ricardo Chacal, criador do coletivo musical HAPAX, um combo auto-denominado “grupo de afro-industrial”, do coletivo RRRadical e participante de uma série de outros. Militante ativo nas artes, na política e no cotidiano urbano da cidade, lançou como poeta os livros “Cinema de garganta” (Azougue, 2002) e “Pele tecido” (7 Letras, 2010).
No primeiro, a inquietação e o lirismo potente do autor saltava de poemas que mesclavam prosa narrativa e versos de teor fabular. Ele também flertava com as artes plásticas em poemas iconográficos que dialogavam com ilustrações, num fluxo livre que apontava uma das marcas do pensamento e da ação de Ericson, o compromisso com “a instantaneidade do instante do instante”, também evidenciado em “Pele tecido”, amostra poética de toda volatilidade, urgência, risco e beleza de um corpo colocado inteiro e ativo a serviço de uma experimentação da vida.
“O homem dança. O homem descobre a poesia para aconchegar a fúria. O homem é também política”, escreveu Guilherme Zarvos.
Faixa-preta e ex-professor de jiu-jitsu, Pires fazia da arte ação, luta, resistência e estratégia de combate. Fruto de suas andanças pela urbe nasceu também o livro “Cidade ocupada” (Aeroplano, 2007), um manifesto em defesa da arte urbana como forma de resistência, um escrito que partia de suas aventuras e vivências em coletivos artísticos. O autor defendia uma ocupação da cidade com expressões coletivas, de múltiplas vertentes, que pudessem diluir as barreiras entre a arte dos centros e da periferia.
Filiado à academia, Ericson deixou trabalhos importantes como o livro “Zé Celso Oficina-Uzyna de corpos” (Editora Annablume, 2004), desdobramento de sua dissertação de mestrado entregue ao departamento de Letras da PUC-RJ. Foi também pesquisador do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC) da UFRJ e professor adjunto do Instituto de Arte da UERJ.

Ericson Siqueira Pires estava internado há um mês, logo após ter sido diagnosticado com uma pancreatite aguda. Ele faleceu às 4h deste sábado, no Hospital Universitário Pedro Ernesto, em decorrência de complicações em seu quadro. O corpo será enterrado neste sábado, às 15h, no cemitério do Catumbi.



... e um vídeo:














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domingo, 11 de março de 2012

Leminski e eu.

Um poema causa uma sensação diferente cada vez que é lido. Hoje, este me fuzilou o coração...





um deus também é o vento
só se vê nos seus efeitos
árvores em pânico
bandeiras
água trêmula
navios a zarpar

me ensina
a sofrer sem ser visto
a gozar em silêncio
o meu próprio passar
nunca duas vezes
no mesmo lugar

a este deus
que levanta a poeira dos caminhos
os levando a voar
consagro este suspiro

nele cresça
até virar vendaval





... abaixo, um meu, de hoje.



Um sorriso na gaveta

Hoje achei numa gaveta o seu sorriso.
Havia um ano, ou perto disso,
Que guardara-o de mim.

Passado o tempo que me privei
Do gosto de sorrir-me em ti
Melancólico ainda pensei:

- Como pode, após este ano de pausa,
Um sorriso velho ainda causar
A alegria que o teu me causa?



segunda-feira, 5 de março de 2012

Recuerdos de Neruda


Foto d"O carteiro e o Poeta"


Posto o poema todo para uma pessoa maravilhosa que me mandou uma estrofe... Alguns poemas têm peso de oração. Esse é um.

Obs: em espanhol é muito mais bonito. A tradução (que não é minha), está logo abaixo.


¡QUEDA PROHIBIDO!


Queda prohibido llorar sin aprender,
Levantarte un día sin saber que hacer,
Tener miedo a tus recuerdos.

Queda prohibido no sonreír a los problemas,
No luchar por lo que quieres,
Abandonarlo todo por miedo,
No convertir en realidad tus sueños.

Queda prohibido no demostrar tu amor,
Hacer que alguien pague tus deudas y el mal humor.

Queda prohibido dejar a tus amigos,
No intentar comprender lo que vivieron juntos,
Llamarles solo cuando los necesitas.

Queda prohibido no ser tú ante la gente,
Fingir ante las personas que no te importan,
Hacerte el gracioso con tal de que te recuerden,
Olvidar a toda la gente que te quiere.

Queda prohibido no hacer las cosas por ti mismo,
Tener miedo a la vida y a sus compromisos,
No vivir cada día como si fuera un último suspiro.

Queda prohibido echar a alguien de menos sin alegrarte,
Olvidar sus ojos, su risa,
Todo porque sus caminos han dejado de abrazarse,
Olvidar su pasado y pagarlo con su presente.

Queda prohibido no intentar comprender a las personas,
Pensar que sus vidas valen más que la tuya,
No saber que cada uno tiene su camino y su dicha.

Queda prohibido no crear tu historia,
No tener un momento para la gente que te necesita,
No comprender que lo que la vida te da, también te lo quita.

Queda prohibido no buscar tu felicidad,
No vivir tu vida con una actitud positiva,
No pensar en que podemos ser mejores,
No sentir que sin ti este mundo no sería igual.





Tradução:
(acho que fica melhor ao invés de "É proibido" algo como "Fica proibido". Assim parece mais o formato de "decreto", como penso que o poeta intencionou. Mas, mantive a tradução, por preguiça mesmo)



É Proibido

É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.


É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,

Não transformar sonhos em realidade.

É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.


É proibido deixar os amigos
Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.


É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,

Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.


É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus, nem fazer seu destino

Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.


É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,
Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se
desencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.


É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,

Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.

É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,

Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.


É proibido não buscar a felicidade,
Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.









terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Frases e fragmentos

Uma seleção de fragmentos que me fazem parar um pouco...


A palavra amor anda vazia. Não tem gente dentro dela.
(Manoel de Barros)

Do lugar onde estou já fui embora.
(do mesmo)






"Dos nossos planos é que tenho mais saudade..."
(Renato Russo, Vento no Litoral)




Desde quando sorrir é ser feliz?
Cantar nunca foi só de alegria
Com tempo ruim
Todo mundo também dá bom dia!

(Gonzaguinha, Palavras)




O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras.
(João Cabral, o homem que odiava MangueBeat)


Cecilia busca amores imposibles,por eso fue posible nuestro amor.
(Fito Paez, Cecília)






segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Giz

Se existe uma banda perfeita para momentos melancólicos, ela se chama Legião Urbana.
Renato Russo é tão porreta que fez músicas ativamente melancólicas. Não é uma questão de estar saudoso ou triste e preferir ouvir Legião por isso. É que quando se ouve legião, mesmo tranquilo a gente começa a ficar mal... hehe.

Enfim. Fato é que esse maldito resolveu aparecer no rádio do meu carro durante minha última vinda de BH. Giz...

Compartilho com os meus bons amigos a melancolia, essa Senhora. Só não pode misturá-la com vinho! Não dá certo...



E mesmo sem te ver
Acho até que estou indo bem
Só apareço, por assim dizer
Quando convém aparecer
Ou quando quero
Quando quero


Desenho toda a calçada
Acaba o giz, tem tijolo de construção
Eu rabisco o sol que a chuva apagou
Quero que saibas que me lembro
Queria até que pudesses me ver
És parte ainda do que me faz forte
E, pra ser honesto,
Só um pouquinho infeliz...


Mas tudo bem
Tudo bem, tudo bem... (2x)
Lá vem, lá vem, lá vem
De novo...
Acho que estou gostando de alguém
E é de ti que não me esquecerei


(Quando quero....
Quando quero...
Quando quero...
Eu rabisco o sol que a chuva apagou...
Acho que estou gostando de alguém...)




quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Sabineando



As nossas contradições... Vivemos segundo nossas emoções do momento, procurando localizar, descobrir uma constante e dizer: isso sou eu.

...do Fernando Sabino, n"O Encontro Marcado"





Às vezes nem somos. Tocamos em frente a fim de sermos o que esperam de nós. Cada hora esperam uma coisa. Cada situação, cada época, caprichosamente espera uma coisa mais diferente de nós. Ficamos loucos, imersos nesse mar de vontades alheias onde nossa vontade verdadeira sofre para aprender a nadar.





terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Provocações

Quem já viu? É um programa da TV Cultura. O Abujamra sempre solta umas citações... Separei algumas das que mais gostei.



(Tem uma do Schopenhauer que achei legal encontrar lá pois foi umas das partes d"O Mundo como vontade e representação" que mais me chamaram a atenção quando li, e já comentei com meio mundo de amigos... É sobre a modéstia enquanto uma postura mesquinha - claro né, dentro de uma discussão filosófica).




Citando Mário (passarinho) Quintana





Sensacional. Erótico.





Fernando Pessoa (aqui, tão existencial como Schopenhauer... Metafísico um quanto)





Receita para arrancar poemas.





Heidegger (mais existencialismo, hehe)





Me empolguei... É o último. Bertolt. Texto que me traz recordações (amargas, um pouco) do tempo de Diretório Acadêmico. Era uma reza pra mim.






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