domingo, 1 de abril de 2012

Metalinguagens de Drummond

Tava relendo Farewell, o adeus de Drummond. É um livro sensacional e triste. Tanto pelo conteúdo poético quanto pela forma como foi, explicitamente, planejado - o gauche deixou, antes de morrer, o livro prontinho numa pasta de cartolina.

Deixo abaixo um poema lindo, triste... E começo, a partir de agora, a postar uns poemas feitos por Carlos a telas e esculturas que ele gostava. No livro está dentro de "Arte em exposição".



RESTOS

O amor, o pobre amor estava putrefato.
Bateu, bateu à velha porta, inutilmente.
Não pude agasalhá-lo : ofendia-me o olfato.
Muito embora o escutasse, eu de mim era ausente.

*  *  *


 


A CADEIRA (Van Gogh)

Ninguém está sentado
mas adivinha-se o homem angustiado.






O GRITO (Munch)

A natureza grita, apavorante.
Doem os ouvidos, dói o quadro.






PIETÀ (Michelangelo)

Dor é incomunicável.
O mármore comunica-se,
acusa-nos a todos.






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