domingo, 11 de março de 2012

Leminski e eu.

Um poema causa uma sensação diferente cada vez que é lido. Hoje, este me fuzilou o coração...





um deus também é o vento
só se vê nos seus efeitos
árvores em pânico
bandeiras
água trêmula
navios a zarpar

me ensina
a sofrer sem ser visto
a gozar em silêncio
o meu próprio passar
nunca duas vezes
no mesmo lugar

a este deus
que levanta a poeira dos caminhos
os levando a voar
consagro este suspiro

nele cresça
até virar vendaval





... abaixo, um meu, de hoje.



Um sorriso na gaveta

Hoje achei numa gaveta o seu sorriso.
Havia um ano, ou perto disso,
Que guardara-o de mim.

Passado o tempo que me privei
Do gosto de sorrir-me em ti
Melancólico ainda pensei:

- Como pode, após este ano de pausa,
Um sorriso velho ainda causar
A alegria que o teu me causa?



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