sábado, 18 de outubro de 2014

Reminiscências


Aprendi a acreditar num mundo justo! Esse mundo, eu sei, está em disputa...
Desde que me entendo por gente aprendi a aprender Marx!
Eu continuo acreditando na UTOPIA, em Freire, em Che...





Reminiscências...


Um dia, um cara saiu da minha casa pra estudar fora e voltou com um certo Che na cabeça. E com uma boina na cabeça. Uma estrela vermelha...
Minha admiração nesse cara me fez acreditar nessa estrela, e em tudo de lindo que ele trazia dentro de sua boina.

Passei a amar as pessoas que sonham. Passei, sobretudo, a me espelhar nas pessoas que fazem até, se necessário, morrer pelos sonhos!

Hoje o mundo tá virado e a boina se desbotou. A cabeça do dono da boina não sonha mais. E eu sonho um pouco só, um tanto sorumbático!

Che! Camilo! Pombo! Oh!.. companheiros! 
Acendam de novo a vela que um dia foi fogueira!







quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Por que DILMA?


Alguns amigos andaram me perguntando em quem eu votarei para presidente. Resolvi então colocar no papel algumas considerações.


Muito antes de questionarmos a escolha, penso que devemos questionar o que nos levou à escolha. No meu caso, confesso, foi a desesperança racionalizada em praticidade. Vamos ser sinceros! Marina, Dilma e Aécio representam o fim desse período iniciado nas Diretas e que não deu em nada!

Vamos aos nomes e às lágrimas...

Dilma tem o apoio e é cria política de Lula, este que só foi eleito ao aceitar a agenda do grande capital – não é à toa que seu vice era um megaempresário. Lula foi o fiasco da esquerda, “o fim do sonho”. Esse cara liderou um movimento proletário que mostrou ao povo que, não havendo culhões para a revolução socialista, vende-se a alma ao capeta em troca de políticas sociais que são verdadeiras migalhas ao bom sonhador. Foi o criador do conceito de que tudo pode ser relativizado. Foi o filho da mãe que deixou claro que a covardia na política também pode ser chamada de articulação inteligente. Foi o cara que lutou nos 80’s, cansou nos 90’s e abriu as pernas nos 2000’s. Foi o destruidor de algo muito maior que um plano de vida – destruiu um plano ideológico de uma nova geração! Mostrou aos jovens perdidos com suas caras pintadas, aos torturados, às mães de desaparecidos e aos bons artistas anistiados que não importa o que tenha acontecido, abraçar o (demônio) Sarney é natural! Mostrou aos mesmo pintados que o impeachment foi um simples fato histórico, e que Collor é um bom moço quando posso chama-lo de (novo) companheiro. Lula fez as pessoas terem vergonha do choro chorado. Fez o Brasil perder em identidade e caráter. Foi o grande responsável por fazer a direita ter orgulho de ser a própria direita e a esquerda ter vergonha de sê-la.

Já a Dilma não tem personalidade política alguma. É uma gestora clássica de um sistema gestor classicamente ultrapassado onde não há parceiros e sim subordinados. É uma torturada sem sangue nas veias! Perdeu-o? Será que o teve?

Aécio é neto do (quase) herdeiro da transação (NUNCA houve transição alguma!!!) democrática arquitetada em apartamentos da Zona Sul do Rio e gabinetes de Brasília. É a direita que aprendeu que, depois de perder três vezes para a esquerda endireitada, só será capaz de ganhar novamente o bastão se tentar falar, antagonicamente, como a esquerda um dia falou. Daí a agenda socialóide desse playboy quarentão. Neves é o expoente da direita ruminada, engolida e regurgitada após uma sequência de mandatos que fez Serra e FHC se desentenderem, enquanto a ultradireita DEMoníaca aguarda o momento de voltar a descer o cacete em pobre e/ou sem-terra (isso, aliás, como diria o nosso amigo de 09 quirodáctilos, “o PT se orgulha de nunca ter feito”). O mineiro que acabou com a saúde em Minas e com a previdência dos seus servidores, que é abertamente prosélita da fragmentação do SUS, que abriu Minas Gerais para Andrades e Gutierres irem à forra, que tirou o centro do poder de perto do povo (a seu modo, levou a capital para o nada, como um JK revisitado), que engrossou a fileira dos que passaram pelo “Palácio de Festas da Liberdade” e nunca resolveram a pobreza do Norte e do Jequitinhonha...  esse mineiro é a figura do “choque de gestão”, nome dado ao modelo gestor que pretende criar um Brasil-Empresa repartido em Agencias Reguladoras que mais parecem setores de uma grande Holding, a Brasil-SA.

Marina, meu Deus! Se existe um “matador de sonhos” e um “vendedor de ilusões da socialdemocracia”, Marina é o resultado da cópula de ambos! Iniciou sua “jornada” nesta eleição mostrando que a criação de um partido não mais é a representação da organização de um movimento social definido que, para “jogar o jogo” democrático, deve se configurar em uma legenda. Tentou, assim, em sentido inverso, criar um partido e a partir de então justificar sua necessidade social. Não conseguiu e “caiu” na legenda que mais lhe seduziu e deu possibilidades de (vice) liderar um movimento reacionário, digo, de reação. Eis que, por um acidente (desculpem o trocadilho), aconteceu o desastre que a trouxe à segunda colocação na corrida maluca! Marina é o resultado de um desastre! Marina vem numa onda meio Clintoniana! A adoradora de ONGs, a encantadora de movimentos sociais, a elucubradora da velha política de roupa nova! É bancada pelo grande capital que ainda não senta na mesa das grandes decisões. É a figura da digressão histórica onde uma discípula de Chico Mendes se fez aliada de banqueiros e do falacioso dono da Natura! Marina é a voz da terceira via, direita travestida de neo-esquerda. É uma evangélica marxista, uma neoliberal socialista, uma militante reacionária, uma modernidade anacrônica. Marina diz ser a “nova política” que pretende governar com o apoio de “Lula e Serra”!!! É a nova política que só terá governabilidade se abrir mão do seu poder de governo... E poder de governo dado a outrem é exatamente o que Dilma e Aécio, tacitamente, propõem – ao bom entendedor.
Meus amigos! Não há o que fazer quanto a esses três! São péssimos! Estou triste e me sentindo um imbecil. Na marcha às urnas da “grande festa da democracia”, iremos todos de uniforme jogar o jogo já definido pelos financiadores do próprio jogo! O capital sabe que não corre o risco de perder seu terreno conquistado desde que João Goulart foi deposto!

Por isso, confesso uma coisa... Escolhi a Dilma por três motivos. 1) Porque ela é a menos pior dos três; 2) Porque há Frei Beto, Leonardo Boff e Marilena Chauí, ainda, nas fileiras do PT; 3) Porque o PT é o único partido que, internamente, tem discutido com seriedade a possibilidade de uma consulta popular (referendo? Plebiscito?) para a aprovação da reforma política.

A única forma de darmos um passo ao futuro humanizado (sempre lembrando que o socialismo é o sonho do humanismo!) que acredito é mudar as regras do jogo. Enquanto não tivermos financiamento estritamente público para as campanhas e o voto distrital não acredito que algo vá pra frente.

Ps: Os cerca de 25 mil candidatos dessas eleições devem gastar, no geral, aproximadamente 70 bilhões de reais. Dilma, Aécio e Marina, juntos receberam mais de 200 milhões em doações. As construtoras OAS e Andrade Gutierrez, e a JBS (Friboi) foram as que mais doaram. Todas doaram aos três candidatos!

Ps2: Tenho outras mil considerações. Acho mesmo que valeria a pena discutirmos sobre as macropolíticas... Mas esse texto vem carregado de desesperança e com uma certa dose de descarrego.