sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

...





Quem me mandou?
Apareceu nos comentários mas,
Não há nome e nem itinerário!
Quem me deixou?

Quem deixou,
- me, sem delongas
sem pormenores

Esteve aqui
Nesse lugar coisa
Nesse tempo vulto

Quem me mandou?
Esse vídeo veio em hora
Acertou me, no agora,
e sem tempo, me deixou.

Quem?


terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Ericson Pires me reaparece...

Já postei algumas coisas sobre Ericson Pires aqui.
Compartilhei poeticamente as estranhuras que minha relação com esse cara se deu.

O que aconteceu é que fui, numa certa noite carioca, nos idos de 2012, acometido por uma profunda melancolia... mas melancolia de morte mesmo!, uma tristeza doída, que acabou por me levar, solitário, a uma Lapa agitada.
E a Lapa estava estranha. As pessoas estavam estranhas. Os Arcos estranhos. A música lindamente estranha. Eu não sabia, mas algo acontecia...

Foi então que, sob um dos Arcos, uma espécie de fanfarra de palhaços anunciou: "Ericson morreu!".
Nunca havia lido, visto, conhecido ou mesmo ouvido falar de Ericson Pires! E naquela noite eu sofria, sem mesmo entender o porquê, a morte de um grande amigo.

Um dia, contei esse acontecido a uma amiga carioca que disse ter se sentido um pouco estranha também, na mesma Lapa e naquele mesmo 17 de março de 2012. Disse a ela, inclusive, que ao lembrar desse dia sentia-o etéreo, nebuloso... algo meio onírico. Teria sido um sonho louco, ou mesmo o resultado de pensamentos embaralhados pela libação na Lapa?

Esse fim de semana esta amiga resolveu aparecer. Por e-mail mandou um link do youtube com a seguinte recomendação: "Não foi um sonho. Você estava lá. No anúncio, no exato momento, você estava lá... Preste a atenção no vídeo, no cara que aparece aos 5min14s, com camisa do Flamengo. Era você, amigo! Estava lá..."

É a cada dia mais estranha essa história minha com esse inquieto!

E viva Ericson!

Abaixo, o vídeo referido!






...e o poema lido:

cada janela abre fechada. muitos pedaços não pintam um quebra-cabeças. algumas histórias nunca serão ouvidas. o possível. as linhas dos morros são curvas. os postes multiplicam afetos e eletricidade. o sol vem nascendo sempre. o real. não há nada que seja exclusivo. o doce. o salgado. pouco importa. o que importa? os subúrbios exalam. os corpos exalam. os lixos exalam. a cidade transpira. e tudo segue. sem você ou sem mim. siga. os carros. a luz. os quartos. as janelas. siga. os elevadores. a prisão. o ventilador. a miséria. segue. segue. em você ou em mim. segue. e que se abram todas as portas. o apartamento está escuro. as janelas estão fechadas. você sabe. lá fora é também aqui dentro. tudo segue.



sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Rio




Todo lugar tem sua energia. Boa, ou não, essa energia tem o poder de mudar as pessoas.
O Rio é para mim é uma espécie de Meca. Existe uma força inexplicável nos arredores da Lagoa, nos butecos da Lapa e do Conceição. Na José Linhares eu me perco, na Pedra do Sal, às vezes, me acho...
Há no Rio uma espécie de névoa boêmia que me remete a Ericson Pires, inquieto, agressivo e resignado, perdido (será?) na "Cidade Ocupada"... E como é bom se perder no Rio!
Na Guanabara me sinto outra pessoa. Há um ar de melancolia, de reminiscências de coisas que nem mesmo vivi. Como se houvesse uma espécie de epistemologia poética heteróloga, que me levasse a ter sensações Jobinianas, Vinicianas, Cavalcantianas, saudosas, como se eu fosse o próprio Jobim, o Poetinha ou o Di.
Rio... 

Vai Vinícius:

Pois ser carioca, mais que ter nascido no Rio, é ter aderido à cidade e só se sentir completamente em casa, em meio à sua adorável desorganização. Ser carioca é não gostar de levantar cedo, mesmo tendo obrigatoriamente de fazê-lo; é amar a noite acima de todas as coisas, porque a noite induz ao bate-papo ágil e descontínuo; é trabalhar com um ar de ócio, com um olho no ofício e outro no telefone, de onde sempre pode surgir um programa; é ter como único programa o não tê-lo; é estar mais feliz de caixa baixa do que alta; é dar mais importância ao amor que ao dinheiro. Ser carioca é ser Di Cavalcanti.