segunda-feira, 26 de março de 2012

Denúncia a torturadores impunes...

Matéria do Brasil de Fato:


Movimento de jovens inicia ações contra torturadores da ditadura



O Levante Popular da Juventude realiza em várias capitais do país ações simultâneas de denúncia de diversos torturadores, que continuam impunes. Os manifestantes apoiam a Comissão da Verdade e exigem a apuração e a punição sobre os crimes cometidos pela ditadura militar.

O caráter das ações, conhecida como "escracho", baseia-se em ações similares as que acontecem na Argentina e no Chile, em que jovens fazem atos de denuncias e revelações dos torturadores que continuam soltos e sem julgamento sobre suas ações durante a Ditadura Militar. 

Levante Popular da Juventude

O Levante Popular da Juventude é um movimento social organizado por jovens que visa contribuir para a criação de um projeto popular para o Brasil, construído pelo povo e para o povo. Não é ligado a partidos políticos.

Com caráter nacional, tem atuação em todos os estados do país, no meio urbano e no campo. Se propõe a articular jovens, militantes de outros movimentos ou não, interessados em discutir as questões sociais e colaborar para a organização popular.

Tem como objetivo propiciar que a juventude tome consciência da sua história e da realidade à sua volta para transformá-la.

O Levante organiza a juventude para fazer denúncias à sociedade, por meio de ações de Agitação e Propaganda. Não há bandeiras previamente definidas. A luta política se dá pelas pautas escolhidas pelos próprios militantes, que realizam atividades de estudo e debates, sistematicamente, por todo o país.


Veja a matéria completa, fotos e nomes de torturadores no sítio do Brasil de Fato (link no canto superior da tela). Um deles pode estar ao seu lado...








quinta-feira, 22 de março de 2012

Ericson Pires

Não o conheci. Mas é como se fosse um íntimo. Morreu um cara que nunca parou desde que nasceu. Morreu um agoniado...

Segue minha homenagem a ele:



(sem título)

Estava bom. Era o Rio. Mas estava triste.
Havia Lapa, Urca, Braca... Mas não eram os mesmos...
Algo chorava nas ruas. No mar, algo chorava mais que o normal.
Havia bundas, biquínis, corpos, chopps, areia. Mas tinha algo que não sorria.

Tinha o Cristo, as árvores do Leblon, as sardinhas sem sal do BarUrca,
Mas havia algo além da melancolia comum do fim do dia... Havia choro na “cidade ocupada”.
Dos Arcos veio o motivo:
- O poeta “luarizou-se”.

E no domingo cedinho, lá estava Ericson na praia, bêbado e falante; inquieto; sorrindo; chorando; amando; pulando... Cantando!
Carlos, que lhe cedera uma beiradinha de banco, preguiçoso pensava:
- Nem morto o Ericson pára.






RIO - Nascido na Rua Gomes Freire, no coração da Lapa, em 1971, Ericson Siqueira Pires era um corpo em constante movimento pela cidade. Poeta, performer, ator, músico, produtor e agitador cultural, além de mestre e doutor em Literatura pela PUC-RJ, Ericson foi um dos fundadores do CEP 20.000, ao lado de Guilherme Zarvos e Ricardo Chacal, criador do coletivo musical HAPAX, um combo auto-denominado “grupo de afro-industrial”, do coletivo RRRadical e participante de uma série de outros. Militante ativo nas artes, na política e no cotidiano urbano da cidade, lançou como poeta os livros “Cinema de garganta” (Azougue, 2002) e “Pele tecido” (7 Letras, 2010).
No primeiro, a inquietação e o lirismo potente do autor saltava de poemas que mesclavam prosa narrativa e versos de teor fabular. Ele também flertava com as artes plásticas em poemas iconográficos que dialogavam com ilustrações, num fluxo livre que apontava uma das marcas do pensamento e da ação de Ericson, o compromisso com “a instantaneidade do instante do instante”, também evidenciado em “Pele tecido”, amostra poética de toda volatilidade, urgência, risco e beleza de um corpo colocado inteiro e ativo a serviço de uma experimentação da vida.
“O homem dança. O homem descobre a poesia para aconchegar a fúria. O homem é também política”, escreveu Guilherme Zarvos.
Faixa-preta e ex-professor de jiu-jitsu, Pires fazia da arte ação, luta, resistência e estratégia de combate. Fruto de suas andanças pela urbe nasceu também o livro “Cidade ocupada” (Aeroplano, 2007), um manifesto em defesa da arte urbana como forma de resistência, um escrito que partia de suas aventuras e vivências em coletivos artísticos. O autor defendia uma ocupação da cidade com expressões coletivas, de múltiplas vertentes, que pudessem diluir as barreiras entre a arte dos centros e da periferia.
Filiado à academia, Ericson deixou trabalhos importantes como o livro “Zé Celso Oficina-Uzyna de corpos” (Editora Annablume, 2004), desdobramento de sua dissertação de mestrado entregue ao departamento de Letras da PUC-RJ. Foi também pesquisador do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC) da UFRJ e professor adjunto do Instituto de Arte da UERJ.

Ericson Siqueira Pires estava internado há um mês, logo após ter sido diagnosticado com uma pancreatite aguda. Ele faleceu às 4h deste sábado, no Hospital Universitário Pedro Ernesto, em decorrência de complicações em seu quadro. O corpo será enterrado neste sábado, às 15h, no cemitério do Catumbi.



... e um vídeo:














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domingo, 11 de março de 2012

Leminski e eu.

Um poema causa uma sensação diferente cada vez que é lido. Hoje, este me fuzilou o coração...





um deus também é o vento
só se vê nos seus efeitos
árvores em pânico
bandeiras
água trêmula
navios a zarpar

me ensina
a sofrer sem ser visto
a gozar em silêncio
o meu próprio passar
nunca duas vezes
no mesmo lugar

a este deus
que levanta a poeira dos caminhos
os levando a voar
consagro este suspiro

nele cresça
até virar vendaval





... abaixo, um meu, de hoje.



Um sorriso na gaveta

Hoje achei numa gaveta o seu sorriso.
Havia um ano, ou perto disso,
Que guardara-o de mim.

Passado o tempo que me privei
Do gosto de sorrir-me em ti
Melancólico ainda pensei:

- Como pode, após este ano de pausa,
Um sorriso velho ainda causar
A alegria que o teu me causa?



segunda-feira, 5 de março de 2012

Recuerdos de Neruda


Foto d"O carteiro e o Poeta"


Posto o poema todo para uma pessoa maravilhosa que me mandou uma estrofe... Alguns poemas têm peso de oração. Esse é um.

Obs: em espanhol é muito mais bonito. A tradução (que não é minha), está logo abaixo.


¡QUEDA PROHIBIDO!


Queda prohibido llorar sin aprender,
Levantarte un día sin saber que hacer,
Tener miedo a tus recuerdos.

Queda prohibido no sonreír a los problemas,
No luchar por lo que quieres,
Abandonarlo todo por miedo,
No convertir en realidad tus sueños.

Queda prohibido no demostrar tu amor,
Hacer que alguien pague tus deudas y el mal humor.

Queda prohibido dejar a tus amigos,
No intentar comprender lo que vivieron juntos,
Llamarles solo cuando los necesitas.

Queda prohibido no ser tú ante la gente,
Fingir ante las personas que no te importan,
Hacerte el gracioso con tal de que te recuerden,
Olvidar a toda la gente que te quiere.

Queda prohibido no hacer las cosas por ti mismo,
Tener miedo a la vida y a sus compromisos,
No vivir cada día como si fuera un último suspiro.

Queda prohibido echar a alguien de menos sin alegrarte,
Olvidar sus ojos, su risa,
Todo porque sus caminos han dejado de abrazarse,
Olvidar su pasado y pagarlo con su presente.

Queda prohibido no intentar comprender a las personas,
Pensar que sus vidas valen más que la tuya,
No saber que cada uno tiene su camino y su dicha.

Queda prohibido no crear tu historia,
No tener un momento para la gente que te necesita,
No comprender que lo que la vida te da, también te lo quita.

Queda prohibido no buscar tu felicidad,
No vivir tu vida con una actitud positiva,
No pensar en que podemos ser mejores,
No sentir que sin ti este mundo no sería igual.





Tradução:
(acho que fica melhor ao invés de "É proibido" algo como "Fica proibido". Assim parece mais o formato de "decreto", como penso que o poeta intencionou. Mas, mantive a tradução, por preguiça mesmo)



É Proibido

É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.


É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,

Não transformar sonhos em realidade.

É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.


É proibido deixar os amigos
Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.


É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,

Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.


É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus, nem fazer seu destino

Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.


É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,
Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se
desencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.


É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,

Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.

É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,

Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.


É proibido não buscar a felicidade,
Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.