sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Desânimo
“Na parede de um botequim de Madri, um cartaz avisa:
Proibido cantar.
Na parede do aeroporto do Rio de Janeiro, um aviso informa:
É proibido brincar com os carrinhos porta-bagagem.
Ou seja: Ainda existe gente que canta, ainda existe gente que brinca.”
Eduardo Galeano

Pensamos coisas já pensadas, agimos como esperado, cumprimos o que é devido.
Sonhamos somente o possível, imaginamos o concreto.
Brincamos até os 12. Também é até essa idade que podemos chorar.
Não temos tempo; sobram protocolos, falta coragem. O sonho é Vinícius, a práxis Lair Ribeiro, o modus “Cidadão Comum”.
Rimos pouco, trabalhamos muito, ganhamos mais que o suficiente (mas ainda é pouco).
Não pode beijo em amigo; em namorada, com entusiasmo, só no primeiro ano. Depois, novo protocolo!
Amamos baixinho – gritar não pode! Ofendemos o vizinho – mesmo quando não o conhecemos.
Dançamos miudinho, com jeitinho (jeito sem jeito) pra não escorregar. Machucamos muito, machucamo-nos pouco...
Não há mais “galos, noites e quintais”. “Não há mais festa, nem carnaval”. Bolero...
Somos seres de alma cansada, corpo exausto. Nascemos semimortos, aguardamos o recolhimento.
Nós já éramos!
Tiago Jeremias


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