quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Mário Quintana



Já dormi com esse cara algumas noites... na verdade não dormi, pois que sua presença não me permitiu desacordar.

Mario Quintana é desses poetas que nos fazem tremer; temer a própria qualidade de pequeno. Ler Mario Quintana de fato não tem me feito bem, e isso é muito bom.

Agradecido estou a este senhor caduco que escreveu a vida com a lucidez de um louco. Vale!


A Rua dos Cataventos

Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.

Hoje, dos meu cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.

Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arracar a luz sagrada!

Aves da noite! Asas do horror! Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!


                                                                           Mario Quintana

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