Imperfeição
Perfeição
não há. Dito isso, entendido isto, a vida torna-se mais leve. Saber dos
defeitos inatos e aceitá-los é o primeiro passo rumo à convivência consigo
mesmo. E conviver bem com seus eus é o primeiro passo para viver em comunhão
(viver com), socialmente.
A noção de
que devemos ‘buscar a perfeição’, seja no trabalho ou na academia, tem gerado
pessoas com a frustração em entropia. A perfeição não é para o homem! Não é
natural a ele nem muito menos ela é atingível. Buscar, portanto, algo que tem
estas premissas é seguir fatalmente rumo à frustração plena.
Aceitar a
condição de imperfeito, reconhecer defeitos, é uma dádiva! O homem, ao ver-se cumulado
de defeitos, é mais humano. Perceber a sua beleza, a sua inteligência e os seus
dons é tão importante quanto reconhecer suas feiúras, suas incapacidades e suas
deficiências. Não há amor sem ódio... somos todos amorosos e odiosos por
natureza! Não há beleza plena, “todo mundo tem remela”, inclusive a bailarina!
Não há força sem deslizes; competências sem incapacidades; certezas sem
dúvidas.
Compreender
que a força do antônimo é muito maior que a linha reta dos sinônimos é
sentir-se abençoado. Importante é buscar o equilíbrio para perceber que até os
defeitos nos são necessários. Sob uma ótica taoista, poder-se-ia dizer que “quanto
mais Yin, menos Yang, quanto mais Yang, menos Yin”. Há mal e bem; alegria e
tristeza; amor e ódio; beleza e feiúra; feminino e masculino; agressividade e
delicadeza em nós. Somos assim formados. Somos assim construídos.
Aprender a
amar seu ódio e odiar seu amor (difícil isso!) é acalentador! “É o ódio que
mantém a intensidade do amor”, diria Pedro Luís. Conviver com sua feiúra e perceber, sabiamente,
beleza dentro dela é muito melhor que escondê-la num canto escuro do seu
guarda-roupa. Enxergar-se perdedor é tão nobre quanto sagrar-se vencedor...
Perfeição,
devemos aprender, é estado de Deus. Somos humanos. Cheios de defeitos e
qualidades. Fracos por natureza. Fortes por natureza.
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