O Grande Livro...
Dos amores
todos que a terra já presenciou, jurava, nunca houve um parecido com o dele por
ela. Sabia disso pois, ao pesquisar no Grande Almanaque Fantasioso dos Maiores Amores
Já Vividos na Terra, percorreu minuciosamente cada um dos trezentos e quarenta
e sete zilhões de registros. De fato! O seu amor era muito acima da média.
A caminho de
casa, na estradinha florida de lírios amarelos e sombreada de pés de Jenipapo e
Cajá, subindo a Serra dos Ventos em Curva, sentia orgulho de sua descoberta.
Foram trinta e nove anos pesquisando amores, lendo e se emocionando com os
pregressos registros, sob velas às noites escuras, sobre a grama nas manhãs
frescas das primaveras, tantas páginas, tanta saliva... Estava feliz! Sentia-se
recompensado pelo árduo trabalho até poder, então, escrever seu nome, junto ao
de sua amada, no tal livro sem fim!
Eis que,
àquela hora, setecentos e três registros novos já existiam frente ao seu.
Todos, somados aos zilhões do histórico, eram, per si, igualmente dignos da inscrição no
Grande Almanaque Fantasioso dos Maiores Amores Já Vividos na Terra.
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