Foto de Fábio Teixeira
Não queria mais
a pipa. Os dedos cortados de cerol, calejados de cortar taquara, se agarraram
na escadinha de metal que o levou da laje. Nunca mais voltou ao teto de sua
casa e a pipa, solta no espaço, ia, serpenteando entre urubus, no céu azul de
sua infância. De volta ao chão decidiu
ser o ‘homem’ que seu pai, insensível, tantas vezes lhe exigia ser. Ele que, aos
nove anos, nem sabia o que era preciso para ser, então, ‘homem’.
A linha,
partida, deu à pipa liberdade e ao menino os pés no chão. A partir daquele dia,
dia a dia, durante o correr inexorável dos anos, o homem-menino cresceu. E
suou, trabalhou, chorou, não entendeu, correu, bateu marreta, casou, amou?,
multiplicou, testemunhou, juntou, colheu, gastou, envelheceu; se cansou.
E numa tarde
amarela de agosto, os olhos perdidos no céu, o velho-menino se transformou em
uma linda pipa azul.
Catas Altas, janeiro 2015
OH - BOM GAROTO
ResponderExcluirOH - BOM GAROTO
ResponderExcluirNão teve tempo de amar ....
ResponderExcluirGrande Jerê!
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