sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Rio




Todo lugar tem sua energia. Boa, ou não, essa energia tem o poder de mudar as pessoas.
O Rio é para mim é uma espécie de Meca. Existe uma força inexplicável nos arredores da Lagoa, nos butecos da Lapa e do Conceição. Na José Linhares eu me perco, na Pedra do Sal, às vezes, me acho...
Há no Rio uma espécie de névoa boêmia que me remete a Ericson Pires, inquieto, agressivo e resignado, perdido (será?) na "Cidade Ocupada"... E como é bom se perder no Rio!
Na Guanabara me sinto outra pessoa. Há um ar de melancolia, de reminiscências de coisas que nem mesmo vivi. Como se houvesse uma espécie de epistemologia poética heteróloga, que me levasse a ter sensações Jobinianas, Vinicianas, Cavalcantianas, saudosas, como se eu fosse o próprio Jobim, o Poetinha ou o Di.
Rio... 

Vai Vinícius:

Pois ser carioca, mais que ter nascido no Rio, é ter aderido à cidade e só se sentir completamente em casa, em meio à sua adorável desorganização. Ser carioca é não gostar de levantar cedo, mesmo tendo obrigatoriamente de fazê-lo; é amar a noite acima de todas as coisas, porque a noite induz ao bate-papo ágil e descontínuo; é trabalhar com um ar de ócio, com um olho no ofício e outro no telefone, de onde sempre pode surgir um programa; é ter como único programa o não tê-lo; é estar mais feliz de caixa baixa do que alta; é dar mais importância ao amor que ao dinheiro. Ser carioca é ser Di Cavalcanti.



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