terça-feira, 21 de junho de 2011

ad-versos

Monet                                                


Às vezes falta-me inspiração.
É como se o azul do céu apenas azul fosse. Como se a lua não mais incomodasse os lobos, nem mesmo virasse o rumo das violentas marés.
Inspiração quando some leva embora o barquinho de papel, a pipa, a rabiola e as belezas do vento que sacudia os braços finos da árvore à minha janela.
Sem inspiração o domingo não é tão lindo. Não há melancolia no natal nem brancos anos novos.
Se inspiração me falta, com ela me faltam os versos cotidianos, os Nerudas que só habitam cabeças aeradas por inspiração. Me faltam Leminskis, sobram os editoriais de jornais em branco e preto.
Me faltando inspiração não há musica que me chore, refrão que me console. Inspiração ausente, boca muda, ouvido doente.
Sem inspiração não corro, não quero, não sou. Ando em vão, aceito o que me dão. Não me dou.
- Inspiração! Onde estavas logo quando eu mais precisei? Por tua ida fortuita sofri sem alma, chorei sem lágrimas. Superficializei-me.
Catas Altas, 21/06/2011

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